O cantor Bana de Cabo-Verde era um mestre em palco, ele sabia encantar-noscom a sua poesia e levava nos a dançar do jeito suave e doce, num balançar bem Cabo-Verdiano, um sumo diferente, uma festa das ilhas, era charmoso, comodizia a minha mãe jeitoso, alto, bem alto, mas a sua voz era suave.
Adriano Gonçalves era o seu de registo, mas era como Bana que todos gostavamos de chamar-lo “Rei da Morna”, conterraneo de Cesaria Evora, Bana nasceu em Mindelo na ilha de São Vicente, já na adolescencia era conhcido nas festas de familias, animando os bailes com os classicos de morna e coladera.

Nasceu a 05 de Março de 1932, Bana iniciou a sua longa carreira musical, de mais de 70 anos, na sua cidade natal do Mindelo, tendo como um dos mentores o renomado B. Léza, considerado um dos maiores poetas e compositores cabo-verdianos de todos os tempos.
Entre as décadas de 60 e 80, teve um papel-chave na divulgação internacional da música de Cabo Verde e na promoção da música africana em Portugal, impulsionando a criação do primeiro espaço e da primeira editora dedicada a este domínio musical no País.
Durante a juventude, actuou no auditório do Rádio Clube Mindelo, Rádio Barlavento e foi participante assíduo em serenatas realizadas por grupos de amigos, nas ruas da cidade do Mindelo. Aos 23 anos de idade conheceu o Compositor B. Leza, passando a frequentar regularmente a sua casa. Fisicamente debilitado B. Leza confiou ao jovem cantor a tarefa de memorizar os seus últimos poemas, transmitindo-lhe um conjunto de ensinamentos sobre a colocação da voz na interpretação das mornas.
Em 1956 integrou o grupo Voz de Cabo Verde em Roterdão, com Luís Morais (clarinete), Frank Cavaquinho (bateria), Toy de Bibia (guitarra eléctrica e viola), João da Lomba (baixo eléctrico) e Morgadinho (trompete).
Em 1959 emigrou para Dakar, onde cantou na emissora oficial da rádio senegalesa e gravou o seu primeiro fonograma com direcção musical de Luís Morais (1964). Em Dakar (Senegal) foi onde Bana começou a dar os primeiros passos numa carreira musical internacional de sucesso, com a gravação do seu primeiro disco e apresentação em vários espectáculos.
Na capital senegalesa, Bana juntou-se a músicos como Luís Morais, do Senegal, seguiu para Paris (França) onde gravou mais dois Long Plays (LP) e permaneceu até 1968, altura em que seguiu para a Holanda, país onde editou mais dois LP e dois Extended Plays (EP).
Entre 1968 e 1970 viveu nos Estados Unidos da América. O período compreendido entre 1968 e 1974 correspondeu à fase mais prolífica do cantor, resultando na edição de cerca de três dezenas de fonogramas.
A estreia em Portugal aconteceu em 1969, na inauguração da Casa de Cabo-Verde em Lisboa, na companhia de dois dos seus amigos de sempre, Luís Morais e Morgadinho.
Em 1976 inaugurou em Lisboa o restaurante Novo Mundo, pouco depois rebaptizado Monte Cara. Esse espaço foi precursor na organização de actuações de músicos africanos, sobretudo cabo-verdianos, sediados em Portugal, antes do surgimento massivo das «discontecas africanas» já durante a década de 90.






Embaixador da Música
Para actuar no restaurante e discoteca, reformulou o grupo Voz de Cabo Verde, trazendo para Portugal um conjunto de jovens músicos que despontavam na Ilha de São Vicente: Paulinho Vieira, Tito Paris, Toy Vieira, Vaiss, entre outros. Monte Cara foi igualmente a designação escolhida para a sua própria editora, que, entre a segunda metada da década de 70 e o final da de 80, editou em Portugal cerca de 30 fonogramas de intérpretes cabo-verdianos.
Enquanto cantor, divulgou compositores como Lela de Maninha, Luís Morais, Frank Cavaquinho, Sérgio Fruzoni, Manuel de Novas, Gregório Gonçalves e, especialmente, B. Leza, de quem é considerasdo um herdeiro pela forma como respeitou o «espírito» das suas composições.
Em 2012, foi distinguido com o Prémio Carreira, pelo Cabo Verde Music Awards, sucedendo a Cesária Évora, a «Rainha da Morna». Ao longo da sua carreira foi alvo de inúmeras homenagens.
Table Striped
Por várias vezes Bana aposentou-se mais voltou váriais vezes, a música sempre esteve dentro dele e nunca saiu.
